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Inovação — questão bastante falada e pouco entendida

Gabriel Mario Rodrigues

Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES)

26/08/2014 04:55:03

Gabriel Mario Rodrigues 1Gabriel Mario Rodrigues Presidente da ABMES e Secretário Executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular ***
A inovação, tema cada vez mais central em nossa sociedade, está diretamente associada à possibilidade de um desenvolvimento econômico, social e ambiental sustentável. Neste cenário, com base na inovação, as instituições educacionais devem assumir um papel cada vez mais relevante. (Ronaldo Mota[1])
Recentemente tivemos conhecimento da existência de um convênio internacional via Internet firmado por uma Escola de Línguas brasileira com uma entidade de aposentados norte-americana que se dedica, entre outras atividades, à prática de conversação da língua inglesa entre alunos do nosso país e idosos da instituição. Sucesso absoluto e sem custo algum. Isto é criatividade ou inovação? Este fato inusitado nos remete ao pensamento de Peter Drucker[2], escritor, professor e consultor administrativo, ao afirmar, no final do século passado, que nos próximos cinquenta anos as instituições educacionais sofreriam mudanças e inovações mais drásticas e radicais do que as ocorridas em seus anteriores trezentos anos, quando se apoiavam nos chamados detentores do saber: professores e bibliotecas. Não conhecemos a opinião de Drucker diante do desafio de superar o acomodado, carcomido e arcaico sistema universitário. No entanto, passados mais de quinze anos da assertiva do “pai da administração moderna”, ainda são tênues, pelo menos no Brasil, as mudanças na maneira de aprender que se originam das novas tecnologias de informação e comunicação, da aprendizagem contínua e das demandas da sociedade pós-industrial. Ainda hoje, a universidade está completamente presa ao passado e resistente a propostas inovadoras. Trata-se de um imobilismo brutal e atávico. Inovação exige mudanças e a escola em todos os níveis detesta tudo que está ligado a transformações. O documento da Unesco “Declaração Mundial sobre Educação Superior no Século XXI – Paris 1998”[3] destaca as mudanças pelas quais o sistema universitário ainda precisa passar, exigindo modificações drásticas nos currículos, nos métodos pedagógicos, na formação contínua de professores. Isto implica incorporar novas tecnologias, utilizar a educação a distância, compreender e explorar os ambientes virtuais, sem contar os outros aspectos inovadores decorrentes da alteração radical de entrega de informações já prontas e sistematizadas pelo professor para memorização e repetição por parte dos alunos. A valorização da parceria e coparticipação entre professores e alunos, e entre os próprios alunos, na dinamização do processo de aprendizagem e de comunicação, se justificam pela necessidade de gerar novas formas de trabalho pedagógico e de aproveitar as atividades escolares. O tema inovação no setor educacional tem invadido a pauta de encontros, seminários e discussões acadêmicas, onde todos falam e opinam sem se preocupar com o seu conceito e significado. Marcos Masetto em artigo recente — “Inovação na Educação Superior”[4] — traz algumas luzes à nossa reflexão. Para ele, a inovação ocorre, além de outras dezenas de possibilidades: a) na oferta de novos cursos; b) na elaboração e no desenvolvimento do projeto pedagógico; c) na definição dos objetivos educacionais; d) na reorganização curricular; e) na reformulação das disciplinas e das atividades complementares; f) na substituição das metodologias de aprendizagem; g) no processo de avaliação dos estudantes; h) no uso de novas mídias; i) na maneira diversa de selecionar os estudantes. Podemos também recorrer – ainda que nem todos se sensibilizem – aos ensinamentos da administração, segundo os quais uma empresa inovadora é aquela que, para sobreviver, aprende a descobrir e a incrementar uma vantagem competitiva em relação às concorrentes, sintetizada como única, difícil de imitar e superior a seus rivais. Para isso, é preciso observar alguns focos entre os quais: qualidade superior do produto, distribuição ampla, alto valor de marca, reputação positiva e competente equipe gerencial e de funcionários. Ou seja, a organização que absorve tais ensinamentos é aquela na qual as pessoas aprimoram continuamente as suas capacidades para criar cenários e antecipar o futuro. Com a educação não há de ser diferente. Inovação e mudança andam juntas. Na inovação os envolvidos no projeto de mudança têm o compromisso de aprender, mudar, adquirir novos conhecimentos, alterar conceitos e ideias trabalhadas, às vezes, durante muitos anos. Para tanto, será preciso assumir novos comportamentos e atitudes não comuns para repensar a cultura pessoal e organizacional vivida até aquele momento. Será preciso ainda – e isto é fundamental – mudar as próprias crenças e aderir a novas maneiras de pensar e de agir. Ou seja, atribui-se especial importância à reciprocidade absoluta no processo entre docentes e discentes. Sem isso, melhor não aplicar. Se os discentes não derem a contrapartida nada acontece. Frente ao mundo em constante mudanças e impulsionado sobretudo pelas inovações digitais, a escola não pode mais se esconder no seu nicho milenar do anacronismo, da sala de aula tradicional e ignorar a diversidade de meios de informação, hoje fartamente oferecida gratuitamente pelos milhares de sites da Internet. Estamos vivendo uma nova era em que não se pode deixar de lado a tecnologia, as mudanças socioeconômicas e culturais. Este novo cenário, pelo menos no Brasil, mostra o maior poder aquisitivo da classe “C” que não se restringe tão somente aos bens tangíveis, como uma máquina de lavar roupas ou um carro, mas alcançam os intangíveis, como o acesso à educação superior. Nesse sentido, é imperativo repensar as práticas educativas, pois o modelo clássico e eurocêntrico de educação não basta para dar conta desta nova realidade. Na área da educação, Francisco Imbernón, citado por Masetto, desenvolveu reflexões interessantes sobre os desafios para a educação e destacou quatro ideias-força na base da mudança que devem impulsionar o futuro imediato da educação quais sejam:
  • recuperação por parte dos professores e demais agentes educativos do controle sobre seu processo de trabalho;
  • valorização do conhecimento, tanto daquele já adquirido e desenvolvido pelas gerações e culturas anteriores – que tem seu valor e importância mesmo nos dias de hoje, mas que se apresenta como insuficiente para os próximos tempos – quanto dos novos conhecimentos que são investigados e produzidos atualmente em novas condições de número de informações, de velocidade de comunicação e de proliferação de fontes de conhecimento;
  • valorização da comunidade como verdadeira integrante do processo educativo, da comunidade de aprendizagem, corresponsável pelo projeto pedagógico da instituição;
  • diversidade como projeto cultural e educativo. [5]
Assim, inovação não é solução mágica que possa ser aplicada para resolver todos os problemas da educação. Inovação em educação deve ser acompanhada de questionamentos constantes. O conceito de inovação relacionado à educação surgiu associado à concepção de que os avanços da ciência e da tecnologia determinam o desenvolvimento econômico, social e cultural. Segundo essa perspectiva, o progresso científico e tecnológico deve beneficiar e valorizar, onde quer que seja empregado, o indivíduo, o produto e o processo. Se a escola não estiver antenada com essas mudanças, se não tiver agilidade e rapidez suficiente para reinventar-se a partir do aparato tecnológico disponível não terá feito a lição de casa. A ênfase nas tecnologias, como deflagrador de inovações desta perspectiva progressista, afetou reformas educacionais a partir dos anos de 1980. Além disso, as iniciativas de aplicação das inovações tecnológicas nos sistemas educativos, em diferentes países, propiciaram pesquisas que constituem a inovação educacional como objeto de estudo de especialistas e políticos. Para Walter Garcia, inovação não é solução mágica que possa ser aplicada para resolver todos os problemas da educação. Inovação em educação deve ser acompanhada de questionamentos como: “a quem interessa?”; “por quem foi proposta ou implementada?” e “a quem poderá beneficiar?”[6] Juana Sancho et al. vão mais longe ao afirmar que um sistema educacional inovador é aquele no qual não só existem canais de comunicação entre o planejador e os que realizarão a inovação como também vinculações com todos os grupos relacionados com a inovação. Assim, o sentido da inovação é claro para todos os grupos envolvidos e os conflitos são interpretados como sinônimo de que a inovação é necessária. Aqui toca a sirene de alerta para a necessidade de ampliar a inovação para além das metodologias, atingindo o sistema educacional. Para tal, seria preciso a não burocratização da inovação, a abertura de espaços para a criatividade, a reestruturações e análise de avanços e erros em sua execução.[7] Mas, o que os jovens querem da educação brasileira? Educação Inovadora ou tradicional? Estamos certos de que as respostas a estas questões — que têm a ver com a inovação exige conhecer os desejos dos jovens, o que pensam, os seus projetos de vida. A esse respeito, o Portal Porvir compilou pesquisas da consultoria McKinley, Fundação Telefônica e jornal Financial Times, além da Cia de Talentos, sobre a juventude e correlaciona dados com as tendências do universo educacional com a chamada geração dos “milênios. Esses jovens nascidos na Era Digital estão todos conectados – formando uma vasta rede colaborativa – sendo que 75% deles não passam mais do que duas horas desconectados. Essa geração está mudando o mundo e consumirá mais de U$ 2 trilhões nos próximos dois anos. Até 2015, 47% da população terá 25 anos.   DESEJOS DOS JOVENS E TENDÊNCIAS QUE EMERGEM COMO RESPOSTAS AOS DESAFIOS
  Que tenha sentido.   35% dos jovens brasileiros acham que o aprendido na escola não é útil para sua vida.   Personalização
  Que os prepare para o mundo do trabalho.   1% acredita que a formação pós-ensino médio tenha ampliado suas oportunidades de trabalho.   Competências do Século XXI
  Que os ajude a empreender.   50% gostariam de abrir sua própria empresa.   Empreendedorismo
Que desenvolva sua criatividade e capacidade de inovação.   23% desejam trabalhar em empresas em que possam inovar.   Maker Movement
  Que os ajude a construir um mundo melhor.   1 a cada 12 são jovens-ponte, agentes de transformação.   Educação baseada em projetos
  Que extrapole os muros da sala de aula.   84% sentem falta de locais onde possam aprender além das escolas e universidades.   Comunidades de Aprendizagem
  Que os ajude a se realizar e ser felizes.   50% têm como maior medo não conseguir realizar seus objetivos pessoais.   Projeto de vida
  Que seja permeada pela tecnologia.   7 horas é a média de tempo que os jovens da América Latina passam on-line, por dia.   Ensino híbrido – Moocs

Fonte: porvir.org

A análise e a reflexão conjunta dos achados das mencionadas pesquisas por parte de todos os envolvidos no processo educativo podem contribuir para o desenvolvimento do processo de inovação que deve acontece no interior das instituições. Pari passu devem ser incentivadas as análises sobre o conceito e as práticas de inovação em diferentes setores, realidades e organizações educacionais e não educacionais. A propósito, e para concluir, perguntamos aos leitores: a experiência citada no início deste artigo – a do convênio firmado por uma Escola de Línguas com uma entidade de aposentados norte-americana – é criatividade ou inovação? Aguardaremos com grande expectativa as respostas como contribuição ao texto que pretendemos escrever na próxima semana.     [1] http://www.abmes.org.br/abmes/public/arquivos/publicacoes/abmes_cadernos_28.pdf [2] http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Drucker [3] http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Direito-a-Educa%C3%A7%C3%A3o/declaracao-mundial-sobre-educacao-superior-no-seculo-xxi-visao-e-acao.html [4] http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1414-32832004000100018&script=sci_arttext [5] Francisco Imbernón. A Educação no século XXI. Porto Alegre: Artmed, 2000 [6] Walter Esteves Garcia, Inovação Educacional no Brasil. Problemas e Perspectivas. Campinas: Editora dos Autores Associados, 1980. [7]Juana M. Sancho, Fernando Hernández, Jaume Carbonell Sebarroja, Nuria Simo, Emilia Sanchez-Cortes. Aprendendo com as inovações nas escolas. Porto Alegre: Artmed, 2000.    

26/08/2014

Hermes Ferreira Figueiredo

Gabriel: O que mais se lê e se houve é sobre essa tal “Inovação”. Verdadeira panaceia para tudo. Como admirador da Historia respeito o “tempo-histórico” e vejo sempre com cautela o quase desespero em procurar coisas novas. Ao se ocuparem do assunto, normalmente, os “novos pensadores”, dedicam precioso tempo em desconstruir o presente e ignorar o passado. Esquecem-se de reconhecer que o “futuro” só poderá existir se for assentado no presente, que por sua vez está fundamentado no passado. O conhecimento renova-se constantemente e se difundi pelas vias de comunicação existente em cada momento da civilização. Faço essas observações, não para contestar seu artigo(quem sou eu) mas refletir mais um pouco sobre o fato de termos assistido e continuarmos assistindo tantas descobertas e tantos inventos em todas as áreas do conhecimento humano. Inovações, descobertas, inventos que a sociedade desfruta quase que imperceptivelmente. A sociedade reconhece isso e outorga prêmios a cidadãos do mundo todo. E esses cidadãos em sua totalidade estão, ainda, ou já estiveram consolidando conhecimentos do passado, desenvolvendo novos conhecimentos, transmitindo o conhecimento acumulado nos séculos de civilização que conhecemos, justamente em que “locus”? Nesse sistema universitário arcaico, acomodado e carcomido. Pense nisso e veja como o mundo tem melhorado. Abraços.

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Professor titular aposentado, é ex-reitor da UFV (Universidade Federal de Viçosa); foi presidente do Inep, secretário-executivo do Ministério da Educação e vice-presidente do Conselho do Pisa

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Diretor-presidente da ABMES e Secretário-executivo do Brasil Educação, Fundador e Controlador do grupo Ser Educacional, Presidente do Instituto Êxito de Empreendedorismo

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